sábado, 12 de junho de 2010

Deixas em mim




A
noite não tem braços
Que te impeçam de partir,
Nas sombras do meu quarto
Há mil sonhos por cumprir.

Não sei quanto tempo fomos,
Nem sei se te trago em mim,
Sei do vento onde te invento, assim.
Não sei se é luz da manhã,
Nem sei o que resta em nós,
Sei das ruas que corremos sós,
Porque tu,

Deixas em mim
Tanto de ti,
Matam-me os dias,
As mãos vazias de ti.

A estrada ainda é longa,
Cem quilómetros de chão,
Quando a espera não tem fim,
Há distâncias sem perdão.

Não sei quanto tempo fomos,
Nem sei se te trago em mim,
Sei do vento onde te invento, assim.
Não sei se é luz da manhã,
Nem sei o que resta em nós,
Sei das ruas que corremos sós,
Porque tu,

Deixas em mim
Tanto de ti,
Matam-me os dias,
As mãos vazias de ti.

Navegas escondida,
Perdes nas mãos o meu corpo,
Beijas-me um sopro de vida,
Como um barco abraça o porto.

Porque tu,
Deixas em mim
Tanto de ti,
Matam-me os dias,
As mãos vazias de ti.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Para onde?

Às vezes pergunto-me para onde vai tudo isto. Estou cansada. Estou triste. Estou furiosa. Estou desiludida. Estou desesperada. Estou perdida.
"Está tudo bem?"
Eu digo que sim e toda a gente acredita. Ou então ninguém pergunta. Estou sempre bem para toda a gente. Ou então não estou coisa nenhuma para ninguém. Para onde vai este sentimento de invisibilidade também?
Hão-de ir para algum lado, eu sei. Absorvidos. Difundidos. Acumulados ao montes dentro de mim a cada dia. Não desaparecendo. Não sou um buraco negro.

sábado, 24 de abril de 2010

Behind us in the road





What were all those dreams we shared

Those many years ago?
What were all those plans we made
Now left beside the road?
Behind us in the road

More than friends I always pledged
Cause friends they come and go
People change as does everything
I wanted to grow old
Just want to grow old

Slide on next to me
I'm just a human being
I will take the blame
Bust just the same
This is not me
You see
Believe
I'm better than this

Don't leave me so cold
Or buried beneath the stones
I just want to hold on
And know I'm worth your love
Enough
I don't think
There's such a thing

It's my fault, Now I been caught
A sickness in my bones
How it pains to leave you here
With the kids on your own
Just don't let me go

Help me see myself
Cause I can no longer tell
Looking out from the inside of
The bottom of a well
I yell
It's hell
But no one hears

Before I disappear
Whisper in my ear
Give me something to echo
In my unknown future`s ear

My dear
The End
Comes near
I'm here
But not much longer

domingo, 28 de março de 2010

É isso (talvez, não sei)

Já não escrevo. Não tenho o quê. Ou talvez tenha demais. Não sei. É isso: não sei o que escrever. Sobre o quê (indecisão). Como (tortura). Com que palavras (falta de engenho). Para quem (quem lê?). De quem (?). Já não sei quem escrevo. É isso (então e agora?).

Agora risca-se. O que talvez depois se apague. Não sobra nada. É isso: sobra eu.

Eu. Até me soa confunso tal pronome associado a mim. Não me revejo em nenhuma imagem. Dessas que toda a gente constrói para toda a gente. Não me revejo neste corpo. Nestas roupas. Neste sorriso-força-do-hábito. Até, em vez disso, podia chorar. Mas não: estico os cantos da boca para cima e mostro os dentes. É isso: o que preferirem de mim.

Pergunta do dia é: Que raio é que eu estou a fazer?" Pena não vir em pacotinhos de açúcar. Mas vem na legenda de certas imagens. Eu sozinha numa sala de cinema (falta de companhia). Eu numa actuação da tuna (não sei cantar nem tocar nem gosto de me embebedar). Eu num almoço na faculdade com gente que não me diz nada (eles a contar anedotas de loiras pela terceira vez na semana). Eu a refugiar-me numa casa-de-banho (não posso explodir). É isso (frase do dia: não sei.)

E ainda existes tu. Ou melhor, não existes tu. Aí está o problema. Só existes em mim. Mas sei o teu nome e tu sabes o meu (lembraste?). És de carne e osso. Respiras. Se te pudesse tocar, sentiria-te. Se te pudesse falar, conversaríamos (como já o fizemos). Poderia mas não posso. Não te encontro. O mundo não é um lugar pequeno. O mundo é demasiado grande para nós os dois. E tu és o meu atestado de loucura. É isso (estou louca).

domingo, 7 de março de 2010

He knew how alone he was but he could see

"He looked across the sea and knew how alone he was now. But he could see the prisms in the deep dark water and the line streching ahead and the strange undulation of the calm. The clouds were building up now for the trade wind and he looked ahead and saw a flight of wild ducks etching themselves against the sky over the water, then blurring, then etching again and he knew no man was ever alone on the sea."
Ernest Hemingway in "The Old Man and the Sea"

Talvez o estar sozinho tenha um pouco de falta de vista. Falta de ver tudo o que nos rodeia e não só os espaços vazios daquilo que não temos. Tenho de aprender a olhar para os sítios certos.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

"The Cove"

Tudo tem limites. É algo que sabemos institivamente. Mas hoje descobri que há uma coisa que parece não ter: a crueldade.

"The cove" é um documentário realizado por Louie Psihoyos que, certamente, irá fazer com que muita gente saía do cinema com lágrimas nos olhos e revolta no coração. O quanto esses sentimentos de tristeza, choque e revolta irão perdurar nessas pessoas eu não sei. Mas irão, eventualmente, desaparecer. Afinal, não podemos fazer nada, ninguém pode mudar o mundo e isso, afinal, acontece lá tão longe no Japão… Mas a realidade é que continuarão a ser mortos 23 mil golfinhos e botos por ano com recurso a a redes e a arpões afiados no Japão, a maior parte em Taiji, numa enseada que faz parte de um parque natural.


Para além, de serem mortos pela sua carne, inúmeros golfinhos são também capturados para serem levados para parques aquáticos em todo o mundo. Ric O'Barry foi, nos anos 60, treinador dos 5 golfinhos que participaram na famosa série televisiva Flipper que desencadeou uma indústria multibilionária através do cativeiro de milhares de golfinhos utilizados como entretenimento em parques aquáticos em todo o mundo. A estes golfinhos dão-se Tagamet e Maalox que são medicamentos usados no tratamento de úlceras gástricas as quais os golfinhos em cativeiro estão sujeitos devido ao stress. Stress esse provocado, por exemplo, por uma multidão eufórica aos gritos mais um sistema de som particularmente sonoro que acompanha todos esses espectáculos tendo estes animais ouvidos ultra-sensiveis. Agora, Ric O'Barry dedica-se, em conjunto com um pequeno grupo de corajosas pessoas, a tentar derrubar uma indústria que ele próprio ajudou a criar, arriscando a sua vida e sendo preso continuamente.

Hoje percebi também que, neste caso, gostava que este blog fosse um daqueles com postagens lidas por centenas de leitores e com milhares de comentários. Porque prefiro, afinal, não acreditar que a crueldade humana não tem limites, mas sim a sua incapacidade para VER.


Ric O' Barry

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Done.


3 dossiers. 6 sebentas. 2 livros. 5,05 GB em DVDs. 41 dias. 7 cadeiras. 11 exames. Done (finally!).