quinta-feira, 11 de junho de 2009

Hibernação de vida

8 exames. 30,5 créditos. 4 semanas.
Acordar, estudo, pequeno-almoço, estudo, almoço, estudo, lanche, estudo, jantar, estudo, dormir.
Chamo às próximas 4 semanas hibernação de vida. Parou a chuva, o sol brilha lá fora, as pessoas andam de manga curta na rua. Afinal, é quase Verão...
Mas não aqui dentro de casa, com os olhos postos há horas numa matéria que parece não ter fim, a fazer apelo a minha péssima memória para nomes que decore uma lista infindável deles e mais tudo o que significam e implicam. Para mim, com o ler, o reler, o sublinhar, o olhar para o relógio e o suspirar até podia ser um daqueles dias de Inverno escuros, chuvosos e tristes que eu não daria pela diferença...

O telemóvel toca. É um colega da faculdade. Leia-se possíveis informações úteis. Talvez uma dúvida importante que ainda não me tenha ocorrido, um "pormenor" importante que afinal de pormenor tem pouco, uma dica ouvida de alguém do ano seguinte, uma informação sobre o exame que o professor deixou escapar a não sei quem que depois disse ao amigo da amiga de A, que contou a B que decidiu partilhar com C que, pelos vistos, é o meu colega .

Nestas 4 semanas dá-se uma (re)catalogação das pessoas. A categoria daqueles que são fontes úteis. A categoria dos que só vêm baralhar tudo. A categoria dos que partilham informação dividida nas subcategorias daqueles que partilham com toda a gente, daqueles que só partilham com o seu grupinho, e, por fim, daqueles que simplesmente não partilham. Existe ainda a categoria daqueles a quem se fica a dever e daqueles que nos ficam a dever.

É isto estas 4 semanas. Pode parecer de loucos (é!). Pode parecer angustiante (é!). Pode ser horrível ver como tudo se resume a dicas e a informações uteis (é!). Mas depois de me habituar descobri que é tudo muito mais fácil, afinal de contas:

Existe um objectivo bem definido.
Há sempre tema de conversa com toda a gente embora ele seja sempre o mesmo.
Não existe tempo para pensar noutros problemas para além do exame seguinte.
Nem disponibilidade mental para desejar encontrar olhos azuis e boas conversas de autocarro.
E o cansaço abafa os sonhos e tudo aquilo que nunca chegou a acontecer.

Porque afinal, o que interessa nestas 4 semanas é apenas sobreviver o melhor possível...