quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Homenagem a Carlos Paião

Com um dia de atraso decidi fazer a minha homenagem ao maior artista da música portuguesa (ou seja, português e que canta na sua suposta língua) e um dos melhores compositores dos anos 80 que faleceu no dia 26 de Agosto de 1988 por causa de uma mangueira atravessada no meio da estrada e um camião parado onde não devia. E escolhi esta musica que toda a gente conhece e que é talvez uma das músicas que mais gosto não só dele mas de todas as musicas que já ouvi.

Sim, chamem-me lamechas. Foi exactamente isso que eu chamei a minha mãe quando ontem no carro estava a ouvir dEUS no mp3 e ao dar esta musica na rádio ela ficou com uma lágrima no cantinho no olho… Mas depois já em casa e sozinha no quarto voltei a ouvir esta música e quem ficou com uma lagrimazinha no canto do olho fui eu. Sim, sou lamechas se ser lamechas é recordar o tempo em que fomos crianças. O tempo em que havia cinderelas e príncipes. O tempo em que não havia gajas e gajos, damas e damos e por aí a fora. O tempo em dizer “eu gosto de ti” queria dizer isso mesmo. O tempo em que não era preciso saber as diferenças entre curtir, andar e namorar. O tempo em que as pessoas que gostamos não morrem apenas vão para o céu e lá ficam a cuidar de nós. O tempo em que não sabia o que eram pedófilos nem violadores. O tempo em que um gelado de morango apagava todas as tristezas do mundo.

Esta música faz-me voltar esse tempo. Faz-me não querer saber de mais nada. Não quero saber se é a uma boa ou má musica, quem a compôs, se a letra rima, se o vocalista desafina mais nos graves ou nos agudos, de que género é. Não quero saber nada disso porque isso faria desta música uma música igual a tantas outras: feita para ser apreciada. Pois bem, ao contrário de todos as outras músicas eu não quero apreciar esta música: quero senti-la! Quero voltar ao tempo em que tal como esta musica todos éramos puros, inocentes, genuínos… Ao tempo em que éramos, como diz a música, simplesmente “Crianças a viver esperanças, a saber sorrir”...

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Watchmen: leiam!



Bem, eu talvez, ou melhor de certeza, que eu não sou a melhor pessoa para fazer uma crítica a um comic book, principalmente a crítica a este comic book. Também não é bem isso que tenciono fazer com este post, por isso tenho desculpa :P

Este foi dos primeiros comic books a sério que li (excluindo obviamente Tio Patinhas, Pato Donald e companhia que são de outro “mundo”). E comecei a lê-lo com sérias dúvidas que fosse gostar. Correndo o risco de ser injusta, para mim este género de comic books era sinónimo de esquemas manhosos sempre descobertos de forma brilhante pelos heróis no último instante, heróis esses com pinta de galãs e que acabavam por protagonizar cenas quentes com mulheres de “grandes” atributos físicos e semi-nuas, para não falar das invariáveis cenas de porrada contra os feios vilões pelo meio.

Mas o Watchmen não é nada disso! Apesar de partir de um ponto comum -heróis mascarados com o objectivo de salvar o mundo - transcende tudo aquilo que costuma estar inerente a histórias de heróis mascarados que nada têm de novo. Em Watchmen não creio mesmo que hajam heróis e vilões. Tudo é um pouco deixado à interpretação do leitor. E talvez, por isso, este comic seja tão complexo, além de falar de um pouco de tudo: História, Filosofia, Ciência, Arte, Sociologia, Ética… Nomes que em si pouco dizem mas com este comic adquiriram para mim um novo significado bem mais interessante. Falta-me falar do grafismo mas, como também não sou grande perita no assunto, limito-me a dizer que, na minha opinião, este comic é brilhante a nível dos pormenores, da forma como a cena é apresentada…

É obvio que muito mais havia a dizer sobre este comic (que recomendo que leiam em inglês embora eu o tenho feito e ficado com pena de certas coisas me terem passado ao lado por isso). Mas, como já disse que isto não é critica nenhuma nem nada que se pareça e estou longe de ser uma perita no assunto, por isso, dizer: leiam este livro!!

P.S.:E ainda me falta agradecer à pessoa que fez com eu soubesse que este livro existia...Obrigado!

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Cativar ou ser cativada?


"- Não, disse o principezinho, procuro amigos. O que é que quer dizer “cativar”?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa “criar laços…”.
-Criar laços?
- Isso mesmo, disse a raposa. Para mim não passas de um rapazinho muito parecido com cem mil rapazinhos. E não preciso de ti. E tu também não precisas de mim. Para ti sou apenas uma raposa semelhante a cem mil raposas. Mas, se me cativares, teremos necessidade um do outro. Para mim serás único no mundo. E eu serei para ti única no mundo…

(…)

- A minha vida é monótona. Caço galinhas e os homens caçam-me. Todas as galinhas são parecidas umas com as outras e todos os homens são parecidos uns com os outros. Por isso aborreço-me um pouco. Mas se me cativares a minha vida ficará como que iluminada pelo sol. Conhecerei um ruído de passos que será diferente de todos os outros. Os outros passos fazem-me meter debaixo da terra. Os teus, chamar-me-ão para fora da toca como uma música. E além disso, olha! Vês, além, os campos de trigo? Não me alimento de pão. O trigo para mim inútil. Os campos de trigo não me dizem nada. E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado! O trigo, que é dourado, far-me-á lembrar de ti. E amarei o som do vento no trigo…
A raposa calou-se e olhou muito tempo para o principezinho.
- Por favor… cativa-me! disse ela.

in "O Principezinho" de Antoine de Saint-Exupéry

Cativar ou ser cativada? Tendo a responder logo que prefiro cativar a ser cativada. Não é bom ser a única a amar o som do vento no trigo… Não é bom sentirmos uma pessoa dentro de nós sabendo que já não existimos dentro dela... Não é bom chegar à conclusão que se calhar nunca chegámos a existir dentro dessa pessoa... Não é bom vermos como as boas memórias foram apenas ilusões agora perdidas no tempo…Não é bom passar a detestar o som do vento no trigo..

Mas também é tão triste saber que sou apenas mais uma conhecida na vida de tanta gente…E que a minha vida está cheia de gente apenas "conhecida"…Gente que sabe que eu existo mas apenas isso. Eu também sei que elas existem, e depois? Onde estão os laços que as tornam únicas para mim? E os laços que me tornam única para elas?

Por isso, sinto-me, tantas vezes, como esta raposa, mas antes prefiro dizer “Por favor… cativa-me… mas deixa que te cative da mesma maneira”…


sábado, 9 de agosto de 2008

Memória de um dia em que estava só e rodeada de gente

Red Hot Chili Peppers - Under the Brige

Sometimes I feel like I don't have a partner
Sometimes I feel like my only friend
Is the city I live in, the city of angels
Lonely as I am, together we cry

I drive on her streets 'cause she's my companion
I walk through her hills 'cause she knows who I am
She sees my good deeds and she kisses me windy
I never worry, now that is a lie.

Well, I don't ever want to feel like I did that day
Take me to the place I love, take me all the way
I don't ever want to feel like I did that day
Take me to the place I love, take me all the way, yeah, yeah, yeah

It's hard to believe that there's nobody out there
It's hard to believe that I'm all alone
At least I have her love, the city she loves me
Lonely as I am, together we cry

Well, I don't ever want to feel like I did that day
Take me to the place I love, take me all the way
Well, I don't ever want to feel like I did that day
Take me to the place I love, take me all the way, yeah, yeah, yeah
oh no, no, no, yeah, yeah
love me, I say, yeah yeah

(under the bridge downtown)
(is where I drew some blood)
is where I drew some blood

(under the bridge downtown)
(I could not get enough)
I could not get enough

(under the bridge downtown)
(forgot about my love)
forgot about my love

(under the bridge downtown)
(I gave my live away)
I gave my life away yeah, yeah yeah

(away)
no, no, no, yeah, yeah

(away)
no, no, no say, yeah, yeah

(away)
But I'll stay

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Top 5 "As frases mais cruéis de sempre" - nº1



“O teu sucesso e a tua felicidade residem em ti.”
(Hellen Keller)

Esta frase é para mim a frase mais cruel de sempre porque creio que o seu contrário é igualmente verdadeiro: "A tua infelicidade e o teu insucesso residem em ti.” E é das piores sensações do mundo quando nos apercebemos disso… Nada serve culpar os outros. Nada serve dizer que o mundo é injusto. Nada serve dizer que nunca temos sorte nenhuma. No fundo, sabemos que a culpa de termos falhado é apenas e só nossa. Nossa. Tal como a vontade de realizar os nossos sonhos. Sonhos esses que, sejam quais forem, nos hão-de levar à felicidade. Sim, porque toda a gente quer ser feliz. Seja de que maneira for, mesmo que seja através do seu sofrimento ou do sofrimento dos outros… Toda a gente quer ser feliz, é um facto, mas acho que nunca ninguém conseguiu dar uma definição clara. Uns dizem que existem apenas momentos de felicidade que são momentos de uma alegria extrema, outros dizem que a felicidade é uma consequência de uma elevada concentração de dopamina no sangue e de uma maior quantidade de um certo tipo de neurotransmissores. Não interessa. Acho que nunca ninguém conseguirá essa tal definição de felicidade. A felicidade é como o fracasso: varia de pessoa para pessoa. E daí também que os nossos sucessos e os nossos fracassos apenas possam depender de nós próprios. É muito bom saber disso em relação aos nossos sucessos mas em relação aos fracassos… Por que é que eu falhei? Porque me deixei influenciar por quem não devia? Porque que acreditei tão facilmente? Porque não me consegui concentrar o suficiente por estar a pensar em coisas que não deviam ser tão importantes para mim? Porque não sou bom(a) o suficiente? Porque não sou interessante o suficiente? Porque não me esforcei o suficiente? Porque o meu melhor não é suficiente? E, com estas perguntas todas, sentimo-nos pequenos, muito pequenos… Pisados pela nossa incapacidade. Esmagados pelo sucesso dos outros naquilo que fracassámos. E podemos ficar sempre assim. Tudo bem, sou um fracasso e depois? “Levanta-te!”, ordena uma vozinha dentro de nós, “Podes ser um fracasso agora, mas talvez possas fazer algo para o deixar de ser, não é?”. Percebemos que temos duas opções: continuarmos caídos no chão ou levantarmo-nos. E não interessa quão grande é o fracasso, temos sempre estas duas opções. E mais uma vez é uma decisão só nossa… Sempre. Temos sempre a hipótese de nos levantarmos, independentemente das vezes que já caímos, do quão estamos cansados e doridos… SEMPRE. Mas isto é muito bonito de se dizer, claro… Soa tão bem… E a coragem para o fazermos? E o medo de cair outra vez? Afinal, para quê levantarmo-nos se podemos voltar a cair? Pois, é verdade: podemos voltar a cair vezes e vezes sem conta. Podemos voltar a ser pisados. Podemos voltar a ser esmagados. Mas também podemos crescer com isso… Também podemos levantarmo-nos finalmente… Só que para isso temos que arriscar cair. E saber a diferença entre dois tipos de pessoas que estão ambas caídas no chão: uma pessoa sem coragem e uma pessoa tentou levantar-se mas voltou a cair… Mas podemos não cair. Quem nos diz que não conseguiremos triunfar se tentarmos levantar mais uma vez? Quem nos diz que não conseguiremos realizar, dessa vez, os nossos sonhos? Quem nos diz que não podemos ser felizes, seja lá qual for a nossa definição de felicidade? E quem nos diz que essa felicidade não será mais plena com as cicatrizes e os calos das quedas anteriores? Não sei… Mas sei que a felicidade, de facto, só depende de nós próprios. (In)felizmente…