Com um dia de atraso decidi fazer a minha homenagem ao maior artista da música portuguesa (ou seja, português e que canta na sua suposta língua) e um dos melhores compositores dos anos 80 que faleceu no dia 26 de Agosto de 1988 por causa de uma mangueira atravessada no meio da estrada e um camião parado onde não devia. E escolhi esta musica que toda a gente conhece e que é talvez uma das músicas que mais gosto não só dele mas de todas as musicas que já ouvi.
Sim, chamem-me lamechas. Foi exactamente isso que eu chamei a minha mãe quando ontem no carro estava a ouvir dEUS no mp3 e ao dar esta musica na rádio ela ficou com uma lágrima no cantinho no olho… Mas depois já em casa e sozinha no quarto voltei a ouvir esta música e quem ficou com uma lagrimazinha no canto do olho fui eu. Sim, sou lamechas se ser lamechas é recordar o tempo em que fomos crianças. O tempo em que havia cinderelas e príncipes. O tempo em que não havia gajas e gajos, damas e damos e por aí a fora. O tempo em dizer “eu gosto de ti” queria dizer isso mesmo. O tempo em que não era preciso saber as diferenças entre curtir, andar e namorar. O tempo em que as pessoas que gostamos não morrem apenas vão para o céu e lá ficam a cuidar de nós. O tempo em que não sabia o que eram pedófilos nem violadores. O tempo em que um gelado de morango apagava todas as tristezas do mundo.
Esta música faz-me voltar esse tempo. Faz-me não querer saber de mais nada. Não quero saber se é a uma boa ou má musica, quem a compôs, se a letra rima, se o vocalista desafina mais nos graves ou nos agudos, de que género é. Não quero saber nada disso porque isso faria desta música uma música igual a tantas outras: feita para ser apreciada. Pois bem, ao contrário de todos as outras músicas eu não quero apreciar esta música: quero senti-la! Quero voltar ao tempo em que tal como esta musica todos éramos puros, inocentes, genuínos… Ao tempo em que éramos, como diz a música, simplesmente “Crianças a viver esperanças, a saber sorrir”...