
Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre.Hoje não tenho mais tanta certeza disso. Em breve cada um vai para seu lado, seja pelo destino ou por algum desentendimento, segue a sua vida.
(…)
Quando o nosso grupo estiver incompleto...reunir-nos-emos para um último adeus de um amigo.E, entre lágrimas abraçar-nos-emos.Então faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante.Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vida, isolada do passado.E perder-nos-emos no tempo....
(…)
Quando o nosso grupo estiver incompleto...reunir-nos-emos para um último adeus de um amigo.E, entre lágrimas abraçar-nos-emos.Então faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante.Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vida, isolada do passado.E perder-nos-emos no tempo....
(…)
Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!"
(Fernando Pessoa)
Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!"
(Fernando Pessoa)
Estes excertos são de uma carta que esse grande Senhor de nome Fernando Pessoa dedicou aos seus amigos. E, agora, com o final de mais um ano lectivo que traz também para alguns o fim do secundário, é comum ver esta carta ou excertos dela em blogs, nicks, comments do hi5 e afins quase sempre acompanhada pelo tradicional “friends 4ever” ou algo desse género. Esta carta é, pois, símbolo de uma batalha que agora teremos de enfrentar mas que já sabemos, bem lá no fundo, que está, em parte, perdida. Ou na melhor da hipóteses está perdida na maior parte dos casos. É como se lentamente assistisse-mos ao virar da página. Por mais que gostemos da página do livro que agora chegou ao fim temos consciência que para sabermos (ou fazermos) o resto da história temos que virar para a página seguinte. E é sempre preciso saber (fazer) o resto da história. Os livros não foram feitos para ficarem sempre abertos na mesma página…
E certos amigos pertencem apenas a uma página desse livro. Numa página, os amigos são aqueles com quem nos sentamos na carteira da escola ou pedimos lápis emprestados ou trocamos os cromos repetidos ou jogamos á bola no recreio ou desabafamos o nosso primeiro desgosto de amor. Noutra página, os amigos são aqueles com quem jogamos sing star enquanto comemos pizza e estudamos na casa de alguém ou com quem pomos as cusquices em dia ou a quem pedimos conselhos ou com quem fizemos a viagem de finalista ou com quem costumamos sair à noite. Numa página mais adiante no livro, os amigos são aqueles a quem mandamos uma mensagem no Natal e no ano novo ou a quem ligamos de vez enquanto para desabafar alguns dos nossos problemas, desligando antes que o outro comece a contar os dele por causa da conta do telefone. E, assim, as páginas do livro vão-se amontoando umas em cima das outras. Às vezes podemos decidir voltar atrás do livro em jantares de turma ou de curso ou na altura do último adeus repentino a um amigo e prometer que iremos voltar mais vezes atrás na história ou até voltar a escrever parte da história em conjunto, mas o peso das folhas do livro é tão grande… Iremos acabar por adiar o revirar de um montão de páginas já cobertas de pó. E se é algum dia o chegarmos a tentar, o mais provável será vergarmos sobre o peso das páginas amontoadas. É mais fácil continuar na mesma página. É mais fácil adiar o combinar do almoço para amanhã que será certamente melhor dia para o fazer. E se eu me dou ao trabalho de organizar e depois ninguém está interessado?
Mas o mais cruel é que, por isso, acabamos por nos matar uns aos outros enquanto amigos e enlouquecer por dentro como diz Pessoa. Só que quase nunca damos por isso. Nem nunca nos importamos o suficiente para combinar de vez o tal almoço e enfrentar o medo de sermos os únicos que nos importamos. Mas os nossos amigos provavelmente estarão a pensar exactamente o mesmo…
É tão cruel que sendo os amigos tão importantes para nós como o afirma Pessoa no último excerto da carta com toda a razão, a maior parte acabe por ficar de tal forma presos a uma página do livro…E fechado o livro para sempre, as lembranças dos amigos que não nos puderam acompanhar no virar de tantas páginas e que acabámos por matar dentro de nós mesmos sem querer perderam-se inutilmente, tal como uma boa parte de nós mesmos, no tempo...
E certos amigos pertencem apenas a uma página desse livro. Numa página, os amigos são aqueles com quem nos sentamos na carteira da escola ou pedimos lápis emprestados ou trocamos os cromos repetidos ou jogamos á bola no recreio ou desabafamos o nosso primeiro desgosto de amor. Noutra página, os amigos são aqueles com quem jogamos sing star enquanto comemos pizza e estudamos na casa de alguém ou com quem pomos as cusquices em dia ou a quem pedimos conselhos ou com quem fizemos a viagem de finalista ou com quem costumamos sair à noite. Numa página mais adiante no livro, os amigos são aqueles a quem mandamos uma mensagem no Natal e no ano novo ou a quem ligamos de vez enquanto para desabafar alguns dos nossos problemas, desligando antes que o outro comece a contar os dele por causa da conta do telefone. E, assim, as páginas do livro vão-se amontoando umas em cima das outras. Às vezes podemos decidir voltar atrás do livro em jantares de turma ou de curso ou na altura do último adeus repentino a um amigo e prometer que iremos voltar mais vezes atrás na história ou até voltar a escrever parte da história em conjunto, mas o peso das folhas do livro é tão grande… Iremos acabar por adiar o revirar de um montão de páginas já cobertas de pó. E se é algum dia o chegarmos a tentar, o mais provável será vergarmos sobre o peso das páginas amontoadas. É mais fácil continuar na mesma página. É mais fácil adiar o combinar do almoço para amanhã que será certamente melhor dia para o fazer. E se eu me dou ao trabalho de organizar e depois ninguém está interessado?
Mas o mais cruel é que, por isso, acabamos por nos matar uns aos outros enquanto amigos e enlouquecer por dentro como diz Pessoa. Só que quase nunca damos por isso. Nem nunca nos importamos o suficiente para combinar de vez o tal almoço e enfrentar o medo de sermos os únicos que nos importamos. Mas os nossos amigos provavelmente estarão a pensar exactamente o mesmo…
É tão cruel que sendo os amigos tão importantes para nós como o afirma Pessoa no último excerto da carta com toda a razão, a maior parte acabe por ficar de tal forma presos a uma página do livro…E fechado o livro para sempre, as lembranças dos amigos que não nos puderam acompanhar no virar de tantas páginas e que acabámos por matar dentro de nós mesmos sem querer perderam-se inutilmente, tal como uma boa parte de nós mesmos, no tempo...
Nenhum comentário:
Postar um comentário