quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Mãos



Sou tudo o que não sou:
Os livros que não leio.
Os amigos que não tenho.
Os instrumentos que não toco.
Os filmes que não vejo.
As fotografias em que não entro.
As bandas que não conheço.
Os jogos que não jogo.
Os sítios a que não vou.
O nada que é tudo.
Sou eu.
Uma mão vazia.

Quero ser vento!
E folhear com uma brisa
Todos os livros do mundo!
E tocar todas as vidas como se fossem minhas
Só porque não o são!
E levar comigo toda a música
De todos os instrumentos, de todos os tempos, de todos os lugares!
E percorrer todas as ruelas, ruas, estradas, avenidas, passeios!
E entrar pela frincha da porta
De todas as lojas, casas, museus, monumentos!
E abanar todas as árvores, arbustos, relva, flores
De todas as aldeias, vilas, cidades, regiões, países, continentes!
E sentir todos os sítios do mundo!
E, por fim,
Levantar do chão todas as folhas caídas
Os meus sonhos!
E faze-los voar com o vento de sede de Mundo!
O Mundo!
O tudo que é nada.
O nada que quero ser.
Uma mão cheia de nada.

Mas o nada que sou hoje
Não é o nada que quero ser amanhã.
O nada de hoje é o de quem
Fixa o chão
Com medo de olhar as estrelas.

O nada de amanhã é o de quem,
Olhando as estrelas,
Se apercebe como afinal
O Mundo é o nada do Universo.

2 comentários:

Plasticine disse...

Gosto do que escreves pela sinceridade com que o fazes, sem quereres ser profunda...julgo eu que és uma rapariga...não sei como foste parar ao meu blog, mas obrigado por teres comentado e por o teres posto ali nos blogs interessantes...quando me decidir a fazer uma lista do género podes contar com um link para o teu blog. Para já fica nos meus favoritos ;)

* Kafix * disse...

gosto...

parabens.

;)