Num dia que parecia de Verão. Pelo murmúrio leve das famílias e dos casais de namorados. Pela pedra quente onde estava deitada. Pelas ondas brandas da baixa-mar. Pelo cheiro a musgo e a mar. Pelas gaivotas a dançarem no céu azul.
Eis em mim absorto
Sem o conhecer
Bóio no mar morto
Do meu próprio ser.
Sinto-me pesar
No meu sentir-me água...
Eis-me a balancear
Minha vida-mágoa.
Barco sem ter velas...
De quilha virada...
O céu com estrelas
É frio como espada.
E eu sou vento e céu...
Sou o barco e o mar...
Só que não sou eu...
Quero-o ignorar.
Sem o conhecer
Bóio no mar morto
Do meu próprio ser.
Sinto-me pesar
No meu sentir-me água...
Eis-me a balancear
Minha vida-mágoa.
Barco sem ter velas...
De quilha virada...
O céu com estrelas
É frio como espada.
E eu sou vento e céu...
Sou o barco e o mar...
Só que não sou eu...
Quero-o ignorar.
Fernando Pessoa
E, naquele momento, consegui. Mas momentos destes fogem-me como areia por entre os dedos... E um dia de Verão não põe fim ao Inverno de mim.
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