segunda-feira, 10 de agosto de 2009

A vida (que) não se perdeu

Podia ter escolhido continuar com o negócio de família. Ter uma vida próspera e sossegada. Mas não. Raul Solnado escolheu ser actor. Escolheu o caminho mais inesperado, mais arriscado, mais difícil e com ele revelou ao mundo o seu dom para fazer rir sem insensibilidades ou obscenidades, inovar sem nunca perder o conteúdo ou recorrer à piada fácil e mostrar que a comédia é, de facto, o discurso mais poderoso do mundo...
Foi todo um universo criativo que nos deixou, mas também uma vida que não se perdeu num caminho mais fácil. Também gostava de, um dia, escrever a minha autografia (mesmo que apenas imaginária) e dar-lhe exactamente o mesmo título que a deste grande senhor "A vida não se perdeu". Quem não gostaria? Ter a certeza, na velhice, que aplicámos cada gota de suor e lágrimas, cada centelha de força de vontade àquilo que realmente gostamos e naquilo em que somos realmente bons. E saber que podemos continuar a sonhar mas é a força do hábito, os maiores sonhos foram sonhados, vividos e agora lembrados com um sorriso doce nos lábios.
Acho que não devia haver só tristeza na sua morte mas também alegria porque ele conseguiu tudo isso. Raul Solnado pode agora ser lembrado como o maior comediante português de sempre, mas também foi um homem que arriscou, conseguiu alcançar os seus sonhos e com ele incentivou todos os outros a fazerem o mesmo : "Façam o favor de ser felizes!"

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