Esta imagem podia descrever alguns dos meus dias. Dias como o de hoje. Um remoinho de sentimentos que ainda não sei definir, uma multidão de pessoas que me podem dizer tudo e, por isso, ainda nada me dizem. É um remoinho ainda formado de muitos feixes com muitas cores de diferentes realidades. Mas talvez as cores pudessem ser diferentes. Não o azul, não o violeta, não o cinzento, não o preto. Talvez o cor-de-laranja, o encarnado, o branco. Mas são exactamente estas cores com que hoje eu pintei os outros à minha volta tal como aquele círculo de feixes luminosos.  Aquele azul metálico lembra-me o lume frenético das conversas do refeitório. Aquelas conversas que começam não se sabe de onde nem porquê, que podem ser sobre coisas banais como o prato preferido de cada um ou os gostos musicais ou sobre a próxima festa não sei aonde. Conversas em que toda a gente quer falar ao mesmo tempo e se dar a conhecer para depois terminarem num repentino silêncio quando não há absolutamente mais nada a dizer mas muito ainda por conhecer...Aquele amarelo mais vivo lembra-me a alegria contagiante de alguns. Aqueles que têm sempre algo a dizer e que toda a gente parece conhecer. O amarelo mais pálido a energia com que tento conhecer toda a gente, decorar os nomes, começar conversas com a esperança (o amarelo mistura-se também com o verde na imagem…) de encontrar nem sei bem o quê. Um grupo estável de amigos se é que isso ainda faz sentido aqui. Mas mesmo que fizesse… (não, quando talvez o que eu mais procuro nos outros é encontrar-me a mim própria...)
Daí tanta cor indefinida nesta imagem do meu dia, de mim própria. Existem tantos tons de violeta nesta imagem… Tantas realidades de mim própria. O violeta. Aquela cor que uns dizem que é cor-de-rosa escuro, outros lilás, outros roxo e outros coisa nenhuma. Tal como a opinião inconsciente dos Outros sobre mim própria talvez. E a minha também. Porque entre o amarelo, o verde, o violeta e todas as outras cores por definir na imagem existem também borrões pretos. São os momentos das saudades, os borrões coloridos de um passado recente pintado a cinzento. São os momentos em que me apago. Em que não consigo captar nada do que me rodeia. Em que não sinto os Outros nem lhes vejo as cores com a indefinição das minhas próprias cores. Em que deixo simplesmente de sentir e me perco a mim própria por não saber quem sou: Eu. Eu própria. Sem as cores dos Outros e as cores (ou falta delas) com que pintam… Sem saber qual a minha cor. Sem saber qual é a minha realidade...
E eis que todas as cores se voltam a misturar outra vez para formar outra realidade…Mas, desta vez, organizam-se para formar uma realidade concreta e objectiva e a mesma que o professor de Histologia entoa com uma voz que se vai tornando cada vez mais próxima. Uma realidade em que esta imagem já não é a imagem do meu dia ou de mim própria. Uma realidade em que esta imagem é apenas o que está escrito na legenda abaixo:
“Corte de um sistema de Havers ou ósteon. Notar a alternância de círculos claros e escuros resultantes da alternância na direcção das fibras colagénias. As fibras colagénias aparecem claras quando cortadas longitudalmente e escuras em corte transversal. No centro do ósteon, a violeta, o canal de Havers. Pricosirius. Foto de microscopia de luz polarizada.“
Daí tanta cor indefinida nesta imagem do meu dia, de mim própria. Existem tantos tons de violeta nesta imagem… Tantas realidades de mim própria. O violeta. Aquela cor que uns dizem que é cor-de-rosa escuro, outros lilás, outros roxo e outros coisa nenhuma. Tal como a opinião inconsciente dos Outros sobre mim própria talvez. E a minha também. Porque entre o amarelo, o verde, o violeta e todas as outras cores por definir na imagem existem também borrões pretos. São os momentos das saudades, os borrões coloridos de um passado recente pintado a cinzento. São os momentos em que me apago. Em que não consigo captar nada do que me rodeia. Em que não sinto os Outros nem lhes vejo as cores com a indefinição das minhas próprias cores. Em que deixo simplesmente de sentir e me perco a mim própria por não saber quem sou: Eu. Eu própria. Sem as cores dos Outros e as cores (ou falta delas) com que pintam… Sem saber qual a minha cor. Sem saber qual é a minha realidade...
E eis que todas as cores se voltam a misturar outra vez para formar outra realidade…Mas, desta vez, organizam-se para formar uma realidade concreta e objectiva e a mesma que o professor de Histologia entoa com uma voz que se vai tornando cada vez mais próxima. Uma realidade em que esta imagem já não é a imagem do meu dia ou de mim própria. Uma realidade em que esta imagem é apenas o que está escrito na legenda abaixo:
“Corte de um sistema de Havers ou ósteon. Notar a alternância de círculos claros e escuros resultantes da alternância na direcção das fibras colagénias. As fibras colagénias aparecem claras quando cortadas longitudalmente e escuras em corte transversal. No centro do ósteon, a violeta, o canal de Havers. Pricosirius. Foto de microscopia de luz polarizada.“
Um comentário:
Não sei, mas julgo que cada pessoa tem mesmo essa cor que lhe é mais comum, no entanto há dias em que a sua cor está muito alterada, pode ser de cor oposta. Nessa nova vida talvez ainda niguém tenha bem estabilizade a cor para a poderes proporcionar...gostei, adoro cores *.*
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